quinta-feira, 26 de junho de 2008

Lula vê xenofobia em limites à imigração para países ricos


Publicada em 24/06/2008 às 15h13m

Reuters/Brasil Online

SÃO PAULO (Reuters) - Na presença de empresários pesos-pesados da economia brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta terça-feira de xenofobia as políticas restritivas de imigração dos países ricos e afirmou que essas nações temem perder o "status quo" com o avanço das regiões emergentes.

"O vento frio da xenofobia sopra outra vez sua falsa resposta para os desafios da economia e da sociedade. Hoje como ontem o desemprego, a fome e a instabilidade financeira reclamam maior coordenação entre as nações e maior solidariedade entre os povos", disse Lula em discurso durante encontro com empresários para tratar da questão dos direitos humanos.

Na semana passada, a União Européia decidiu que imigrantes ilegais podem ser detidos por até 18 meses e impedidos de retornar ao bloco num período de até cinco anos.

Lula se disse perplexo com o atual estágio dos relações humanas entre países, 60 anos após a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

"O mundo avançado, o mundo que nós chamamos de desenvolvido, é talvez uma parte do mundo hoje mais preconceituosa do que o Brasil, do que outros países", declarou.

Ao invés de restringir a imigração, Lula defendeu a ajuda aos países pobres.

"Qual é o grande problema que nós temos no mundo desenvolvido hoje? É o preconceito contra a imigração. É o medo de perder seu status quo, é o medo de perder o emprego, é o medo de ter alguém ocupando seu espaço", afirmou. "E isso hoje é um problema extremamente sério em toda a Europa. Não é proibindo os pobres de ir para a Europa, é ajudando a desenvolver os países pobres."

Ainda segundo o presidente, o Brasil ganhou importância na esfera política e comercial, se expondo a críticas de fora. "Em nenhum momento da nossa história o Brasil foi tão levado a sério."

Ao mesmo tempo, os países ricos passaram a apontar problemas no Brasil como a prática de trabalho escravo nas lavouras de cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol.

"Tenho dito que o trabalho (na cana) é penoso, eu não gostaria de fazer, mas não é mais penoso do que o trabalho nas minas de carvão no século passado", devolveu.

Lula pediu também aos empresários engajamento nas práticas de inclusão social no país. Estavam presentes, entre outros, o presidente do banco Itaú, Roberto Setubal; Roger Agnelli, da Vale do Rio Doce; Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar; e Antonio Carlos Valente, da Telefônica.

(Reportagem de Carmen Munari; Edição de Eduardo Simões

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